quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Verticalidades


Há esperas, que nada mais são, do que fugas permanentes entre o querer e o ser, na veracidade das palavras. Serão elas um meio para atingir certos fins, sempre que vierem carregadas de imagens que transcendam a nossa postura erecta. Contudo, há na verticalidade dos nossos gestos, uma figura abstracta, e será sempre ela que nos dará um certo estilo para a composição métrica de um bom tema, em perfeita comunhão com o sentimento que se sobrepõe à razão da nossa própria existência. Que o preenchimento dos espaços em branco não deixe margens para dúvidas, pelo que nas margens também se escreve, e muitas vezes por temor aos cursos dos rios, que silenciosamente, passam sem retorno, virando costas e fomentando a postura horizontal, mais apetecível às correntes baças e taciturnas.

Há nas palavras escritas, um toque especial que nos toca fundo, e há vozes premeditadas em que o som, é uma nota solta à espera do tempo certo. Será mesmo esse o que me desperta para um encontro, onde o tempo colide com a espera e nada mais fará prever, que há um tempo certo para cada encontro. Numa dimensão mais cuidada, onde somos à transparência, um só corpo, que se movimenta num espaço aberto, há também um ponto minúsculo que separa, as pontas de um espaço fechado. Aí, teremos as mesmas distâncias coordenadas por uma única aberta no tempo. Trancam-se as vozes perdidas, movimentam-se as sombras que abraçaram em tempos palavras ocas – vácuo onde existia a formação do ser na forma original. Paradigma da inteligência criativa e sonora numa escala deveras inquietante, que me faz partir para lugares incertos. Será sempre essa espera, o preenchimento de pontos vazios num espaço cuidado e assertivo para que as mensagens não falhem, permitindo que não se espalhem como grãos de areia num deserto feito de esperas.

Os nossos tempos são unos nas distâncias que nos separam. Os seus propósitos caminharão ao lado de algum sentimento, virão a seu tempo e nos dirão de nós num tempo sem tempo, mas com todos eles alinhados e depositados num único olhar. Caminho contigo em busca de outras eras, que nos transformem, que nos digam de nós num movimento constante, por onde se soltem partículas de um sonho prestes a acontecer. Será ele, a fuga que pretendemos, quando nos comunicarmos em silêncio e nele nos encontrarmos uns e outros, mas todos UM.
*******************************************
Texto dedicado a um poeta e amigo, José Luis Lopes acerca do seu poema "O Grito"
http://www.worldartfriends.com/modules/publisher/article.php?storyid=18980

3 comentários:

  1. O JLL estava a beber bem ou será que teve ajuda...rsrsrsrsrs

    Gostei muito do texto

    Beijos

    ResponderEliminar
  2. essa é que é essa!
    Aiiiiiiii!!! (este é o meu "grito")
    ora ora, caro Amigo José Luís!
    mas é permitido o cliente servir-se assim desse jeito :) meter a mão na torneira e, já tá?
    adorei ler o texto.
    parabéns e muitos beijinhos

    ResponderEliminar
  3. Dolores:

    Gostei imenso do texto.

    As palavras trouxeram-te novamente para dentro deste nosso Sei Lá. É este o ponto que importa referenciar nesta escrita que (me) dirigiste à descoberta das palavras que aproximam as pessoas.

    Deu-me um prazer muito especial escrever este poema, apesar de toda a minha poesia nascer de dentro do meu sentir, este escrito traduz fielmente um dos meus maiores prazeres como homem: comunicar.

    Aprendi tarde a saber dizer que gosto sem ter medo de usar as palavras, agora aproveito todas as oportunidades – Gosto de ti DOLORES

    Beijo Grande

    Ana:

    Ainda bem que vieste em minha defesa. Aquele copo não era meu, apenas o enchia a pedido da Dolores. Estou proibido pelo médico de beber cerveja a copo.

    Beijo

    Rosa:

    Minha querida vizinha,

    Sabes que este teu amigo não bebe em público, quiseram destruir a minha imagem.

    Mas não há foto que consigo destruir uma boa noite de amigos. (como tu sabes….AH)

    Beijo

    ResponderEliminar