sábado, 25 de setembro de 2010

São os brasileiros mal tratados no Luso?

Pedro Américo - Grito do Ipiranga

Estes dias um colega meu aqui do Luso, fez referência a um tratamento menos elegante por parte dos portugueses aos usurários brasileiros, assim como aos que por opção, optam por uma escrita de cariz religioso. Bem, falarei por mim que não sendo ninguém neste site de escrita, já levo nesta casa cerca de ano e meio e a única coisa que me apraz dizer é o seguinte: Vou começar pela descriminação religiosa. Muitos autores tem tendência para recorrer diariamente na sua escrita a mensagens de cariz religioso, nada a opor, a liberdade de escrita também inclui este ramo, religioso, no entanto, é bom lembrar que quando se faz uma saudação de uma determinada religião, seja ela qual for, do outro lado pode estar uma pessoa que não quer saber da religião coisa nenhuma, ou tem mesmo uma outra religião. Que fazer?

No meu entender mandar uma MP ao seu colega e pedir para não incluir mensagens religiosas nos comentários aos seus textos. Aqui, termina uma liberdade e começa outra, apesar daquela teoria de que quando postamos alguma coisa passa a ser pública, volto a reafirmar que tenho as minhas dúvidas sobre esta teoria, ou pelo menos de parte dela. Se um autor já pediu para não haver manifestação nos seus textos de uma qualquer palavra ou mensagem de cariz religioso, na minha opinião deve ser respeitado, mesmo sendo esta pública. Liberdade é isto mesmo, respeitar o espaço dos outros, reparem que não estou a falar do contraditório de opinião, apenas num tipo de escrita ou mensagens, que pode mais parecer um novo método de pregar o evangelho porta a porta, como nós bem conhecemos aqui.

A escrita é livre, façam-no como entenderem, o texto é vosso e só lê quem quer (obviamente com aquelas ressalvas todas que já sabemos). Mas em boa verdade, desde que estou aqui nunca assisti a um único conflito sobre este tema, até pelo contrário sinto uma grande tolerância religiosa, até por aqueles que não querem saber de Deus nenhum. Por isso, creio que a questão é muito mais uma questão pessoal, e da qualidade da escrita, do que propriamente um problema religioso. Mas passemos em frente que esta não é a questão principal, aquela que de vez em quando aparece aqui no luso sempre que há problemas entre autores. Muitas vezes esta questão parece-me mais aqueles jogos políticos, onde cada facção tenta encontrar mais apoios para a sua causa, é nesta altura que surgem sempre umas afirmações que enquanto utilizador deste site, me preocupam.

Acredito que de forma pontual, um ou outro autor possa ter num ou noutro escrito um desempenho menos digno com um ou outro colega escritor, no entanto, não creio que essa indelicadeza tenha por base a sua nacionalidade. Acredito, que muitas destas indelicadezas tem muito mais a ver com a qualidade da escrita do que outra coisa qualquer. No entanto, não senti nunca que houvesse um ataque organizado aos nossos colegas do outro lado do atlântico. É claro que estou a falar por mim, autor, escritor, usurário seja lá o que queiram entender, mas jamais eu calaria a minha voz, se um dia sentisse que um qualquer grupo de portugueses tentasse ferir um qualquer cidadão brasileiro de uma forma organizada. O que aqui já assisti, e várias vezes, é uma discussão pela palavra “dita” portuguesa e a “dita” português do Brasil. Mas meus amigos, o Luso é diferente do que se tem passado em Portugal e no Brasil nas discussões infindáveis sobre o acordo ortográfico? Não, não é! Mas não vejo que daqui venha mal ao mundo, cada “facção” deve lutar por aquilo que entende melhor para uma língua que afinal é usada pelos dois países. No entanto, o que eu quero aqui dizer é bem mais fácil do que essa retórica que os autores ou utilizadores querem fazer crer ao escrever. Eu, enquanto usurário desta casa que tanto gosto, nunca permitiria um qualquer tratamento humilhante a um colega meu aqui no Luso, fosse ele brasileiro ou chinês.

Tenho gente do outro lado do mar que gosto muito, e com alguns, incrivelmente, parece que já nos conhecemos desde sempre, tais são as afinidades criadas aqui no Luso. E não me venham com histórias de que há deste lado gente má e do outro só gente boa. Há gente má aqui e lá, e todo o Luso sabe disso, e a única solução é dar-lhes o caminho todo. Por mim, sei exactamente qual é o meu papel aqui dentro do site, e sempre que sentir que algo menos correcto possa existir de uma forma organizada e que vá contra os meus valores, intervirei. Se forem questões pessoais entre colegas, ficarei no meu lugar, quieto. A liberdade deles não é menor do que a minha. Assiste-lhes esse direito de confrontarem ideias. O bom senso não se ensina, a usurários que na sua maior parte já são chefes de família, terão que ser eles a descobrir esse bom senso, até porque é a única forma de serem tolerados neste crivo diário que vamos fazendo muitas vezes injustamente. Por mim vos digo, nem sei se há brasileiros neste site, talvez porque fui habituado a gostar das pessoas independentemente do que elas são ou onde moram, sei apenas, que há gente aqui que mora no Brasil, bem longe da minha casa, e isso realmente não gosto, gostaria que vivessem mais perto deste meu poiso, assim, talvez eu pudesse ir beber um “choupinho” com os meus amigos brasucas.

Aqui fica uma das poucas coisas que eu não gosto do Brasil. A distância mata-me! Mas a raiva de não lhes poder dar um abraço ultrapassa o acordo ortográfico e qualquer diferença do português. Para terminar digo-vos apenas que um dia estava eu no Brasil numa daqueles bares rodeados de palmeiras e sol e um funcionário perguntou-me se eu era argentino. Fiquei mau, apetecia-me dar-lhe uma boa coça. Eu falo espanhol?

José Luís Lopes

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